quarta-feira, 22 de junho de 2016

Quando chega o fim.

Não estamos acostumados a pontos finais. Muitas vezes sequer nos damos conta que a história acabou.
Chega um momento que seus amigos sabem mais sobre sua vida, do que sabe aquela pessoa que você um dia acreditou que seria pra sempre. O que a pessoa diz não é o que você ouve, e nada do que você diz é ouvido pela pessoa. Cada um produz seus próprios diálogos internos. Não há mais troca. O entendimento acabou e, por isso mesmo, as tentativas de se fazer entender são em vão.

Feche os olhos por um instante e tente se colocar no lugar do seu companheiro ou companheira. Sem julgamentos. Tente perceber o que a pessoa diria sobre o relacionamento de vocês. Como ela está se sentindo nesse momento com relação à própria vida? Você faz parte do futuro dela? Quais os medos da pessoa? Quais as expectativas não atingidas com relação a vocês dois? Que promessas não foram cumpridas?

Não se atente ao que você gostaria que ela estivesse pensando.
A maioria dos relacionamentos não termina com gritos, ameaças e ultimatos. Sair do controle pode significar que vocês ainda estão desesperadamente tentando. Os relacionamentos acabam quando duas pessoas lentamente vão se afastando, se distanciam, silenciam. Elas esquecem o significado de estarem juntas e um dia descobrem que acabaram ficando tão separadas que não há mais como voltar.
O abismo entre elas ficou grande demais.

Pense nisso.




segunda-feira, 20 de junho de 2016

A Mulher do Farol

Vestida com simplicidade e capricho. Óculos de armação dourada trazendo um ar de professora.
Uns 60 anos. O vento frio e insistente não colabora, mas dá pra perceber que, logo cedo, ela secou e fez escova no cabelo.

E ali, num cruzamento movimentado, disputando espaço com o flanelinha e a simpática moça que distribui o Metro, ela sorri e se aproxima devagar dos carros, com uma bandeja na mão.
Pequenos lanches acondicionados em recipientes translúcidos. Coisa simples, pão com manteiga. Pão com presunto e queijo. Acompanha um guardanapo - daqueles bons.

De uma simpatia que faz a gente baixar o vidro, ela deseja bom dia a todos. E vai vendendo esse café da manhã de comer no carro. Ou depois, na mesa de trabalho mesmo. Coisa pra gente apressada. A cara dessa cidade em que a geral fica 2, 3 horas por dia no trânsito. Bom dia, bom dia. Sorriso. Mostra o lanchinho. Vendeu mais um. Sorri. Não vendeu, deseja bom dia com o mesmo sorriso.

Tentei imaginar de onde ela vinha e como tinha ido parar ali, no farol.
Embora minha pressa ainda não tenha permitido buscar um lugar pra estacionar e ir conhecer de perto a história dela, agradeci mentalmente as lições que essa mulher me deu.

Um sorriso franco vence barreiras e faz o dia de todo mundo melhor.
Arrogância e preguiça são inimigas de boas ideias.
Enquanto uns se deprimem e desistem, outros vão à luta. 
Caráter e dignidade abrem caminhos, sempre.
Criatividade vence qualquer crise.

Boa semana!