Uns 60 anos. O vento frio e insistente não colabora, mas dá pra perceber que, logo cedo, ela secou e fez escova no cabelo.
E ali, num cruzamento movimentado, disputando espaço com o flanelinha e a simpática moça que distribui o Metro, ela sorri e se aproxima devagar dos carros, com uma bandeja na mão.
Pequenos lanches acondicionados em recipientes translúcidos. Coisa simples, pão com manteiga. Pão com presunto e queijo. Acompanha um guardanapo - daqueles bons.
De uma simpatia que faz a gente baixar o vidro, ela deseja bom dia a todos. E vai vendendo esse café da manhã de comer no carro. Ou depois, na mesa de trabalho mesmo. Coisa pra gente apressada. A cara dessa cidade em que a geral fica 2, 3 horas por dia no trânsito. Bom dia, bom dia. Sorriso. Mostra o lanchinho. Vendeu mais um. Sorri. Não vendeu, deseja bom dia com o mesmo sorriso.
Tentei imaginar de onde ela vinha e como tinha ido parar ali, no farol.
Embora minha pressa ainda não tenha permitido buscar um lugar pra estacionar e ir conhecer de perto a história dela, agradeci mentalmente as lições que essa mulher me deu.
Um sorriso franco vence barreiras e faz o dia de todo mundo melhor.
Arrogância e preguiça são inimigas de boas ideias.
Enquanto uns se deprimem e desistem, outros vão à luta.
Caráter e dignidade abrem caminhos, sempre.
Criatividade vence qualquer crise.
Boa semana!
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